terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Itarema no mundo colorido de seu Murilo

Em cartaz no Sobrado Dr. José Lourenço com a mostra Praias do Ceará e Outras Vistas, Murilo Teixeira, ex-integrante da importante Sociedade Cearense de Artes Plásticas, contou de pinceladas, viagens e de hábitos amanhados em 82 anos de vida

image Embora goste das máquinas fotográficas, Seu Murilo Teixeira não larga os pincéis por nada na vida (SARA MAIA)

Seu Murilo Teixeira não costuma fazer caso. Aos 82 anos, completos no final de setembro, perseverou em práticas suas mesmo com as dificuldades a lhe bater à porta: manteve-se firme no apreço a paisagens bucólicas e praieiras e continua atendendo clientes na bodega que mantém dentro de casa. Das pinceladas de barcos e sol, Seu Murilo tem muito gosto, como contou na manhã do último sábado, quando muitas famílias se preparavam para as festas natalinas.

“Durmo bem, almoço bem. Já me disseram que eu não entregasse os 82, pareço muito menos!”, sorriu Seu Murilo, quando contou sobre o dia da abertura da exposição Praias do Ceará e Outras Vistas, em cartaz no Sobrado Dr. José Lourenço. A mostra é mais uma de suas individuais, de tantas perdidas na memória. “Uma das primeiras foi quando Parsifal Barroso era governador. A mulher dele, Olga, veio aqui e pegou 30 quadros. Vendeu tudo”. O “aqui” é a casa em que mora com a mulher e onde criou o casal de filhos (a menina faleceu há cerca de 10 anos).

“Essa casa era da Maria Luisa (Fontenele), que foi prefeita de Fortaleza, você me acredita?”. A prestação de 92 cruzeiros não foi esquecida, mas a estrutura mudou pouco. No quintal, um pé de limão oferece agrados para as visitas, e vez por outra ele serve de cenário. “Às vezes, aparecem umas meninas para bater fotos de biquíni. Chegam aqui e dizem: ‘Seu Murilo, eu comprei um biquíni novo...’”. Isso porque a bodega oferece o serviço de retrato 3x4 e uma impressora que prescinde de computador.

A pintura começou quando Seu Murilo foi trabalhar numa empresa na qual a maioria dos colegas eram integrantes da Sociedade Cearense de Artes Plásticos, a Scap. Ele logo depois integrava o grupo. “A Scap era uma coisa de amizade”. Eles viajavam juntos, muitas vezes, para pintar. O estímulo era como uma flecha de fogo. “Hoje eu ainda viajo. Até ano passado ia de carro, sozinho. Mas é muito diferente”. O sol ajudava o desenho, já as cores eram resguardadas na retina, apenas. “De noite que eu pinto, de noite que eu coloco as cores”.

Pacatuba, Itarema, Barra do Ceará, Itapebuçu, Quixadá foram algumas das cidades da rota da pintura. Em Itapebuçu a estadia era mais demorada, coisa de um mês, por conta de uns amigos. Quando as cidades e as gentes começaram a mudar, foi até sugerida uma mudança de estratégia: “O Aldemir Martins, há muitos anos, falou que eu adotasse o sistema da Europa, que era tirar uma foto da paisagem e só depois pintar”. Não funcionou, que hábito é coisa entranhada na pele.

Da arte feita hoje, seu Murilo não é lá apreciador. “Como as pinturas mudaram... Tem cada coisa! A abstrata é até aceitável. Salão de Abril eu participei até cinco anos atrás, depois apareceu umas...”, lamenta. E não completa a frase em palavras, mas um jeito de corpo que não demonstra satisfação. Do tipo que ele gosta está pendurado em suas paredes, em cores fortes e paisagens sinceras. “Gosto muito de barcos, tem um jeito de pintar diferente”, aponta Seu Murilo.

O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
A Sociedade Cearense de Artes Plásticas foi criada em 1944 e confluía pensamento e prática de artes. A partir dela, o Salão de Abril se consolidou. Dela surgiu, também, o grupo Clã, que reunia escritores e artistas plásticos. Dentre eles, nomes como Estrigas, Sérvulo Esmeraldo e Murilo Teixeira.

SERVIÇO
Praias do Ceará e Outras Vistas

O quê: Mostra de pinturas de Murilo Teixeira
Quando: até 4 de janeiro de 2012
Visitação: terça a sexta-feira de 9 às 19h, sábado de 10 às 19h e domingo de 10 às 14h
Onde: Sobrado Dr. José Lourenço (rua Major Facundo, 154 – Centro)
Outras info.: (85) 3101 8826

Júlia Lopes
julialopes@opovo.com.br

Fonte: O Povo

domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz Natal e Próspero Ano Novo

A verdade de Graça Martins

Artista das mais conhecidas da dança cearense, Graça Martins dedicou 2011 à ousadia. Em parceria com Andrea Bardawil, ela deixou seu corpo guiar-se por pensamentos contemporâneos, questionando conceitos e limites

Foto: Divulgação

Poucas pessoas são tão queridas na dança cearense quanto Graça Martins. Graça Martins é, sobretudo, uma artista popular. Ela é tão popular que não chama suas montagens de espetáculo, mas, sim, de show. Graça gosta de gente, gosta de festa, gosta de ritmo, gosta de movimento, gosta de palmas, gosta de brilho e gosta de cor. Nascida em Barbalha, aos 19 anos veio morar em Fortaleza e o amor a levou ao Grupo de Tradições Cearenses. Do folclore tido como nosso, sua cabeça inquieta foi parar na Espanha e, desde 1993, ela comanda o Grupo Tablado, especializado em dança flamenca.

Ali, parece ter encontrado sua felicidade e sua vocação. Nesses últimos 18 anos, embora continue ainda dedicada às tradições populares do Ceará e do Nordeste, Graça Martins se assumiu e se exibiu como uma artista do flamenco. Isso é evidente. É algo dado. Não há como negar. No entanto, é justamente isso que não vê – ou demora demais a ver – a coreógrafa Andrea Bardawil, responsável por Graça/Evidência - Um de Percurso, produção desenvolvida como parte da última edição do projeto Rumos Dança, do Itaú Cultural, e um dos trabalhos mais comentados do ano nos palcos locais.

Na ânsia por querer experimentar o diálogo entre códigos e ideias da dança contemporânea com a dança popular, Andrea Bardawil se apressa e se equivoca no entendimento que demonstra em cena ter das tradições populares. Ela cai na tentação recorrente de procurar distinguir algo que é autêntico, natural, de algo que é aprendido, incorporado. Andrea vê uma naturalidade na dança “popular” de Graça Martins que definitivamente não existe. Graça dança xote, coco e baião, sabe cantigas de roda e outras brincadeiras populares, não porque nasceu numa cidade do interior. Ela domina esses códigos porque se esforçou para isso, tanto quanto ou mais se esforçou para dançar e inventar o seu flamenco.

Absolutamente documental, bem ao estilo do trabalho do coreógrafo francês Jérôme Bel, nome recorrente em boa parte dos principais festivais de dança do País, Graça/Evidência - Um de Percurso explora a história pessoal de Graça Martins, mas não consegue dar conta da complexidade de sua personagem-central. Representando o universo da chamada dança contemporânea, Andrea Bardawil exige de Graça uma série de experiências que, em cena, se tornam arrogantes e pretensiosas. Num trecho, Graça repete um fragmento de uma dança popular e diz que demorou muito tempo para entender que aquilo era uma partitura de movimento. Noutro momento, é cobrada pela coreógrafa a conquistar autonomia criativa.

Entender, codificar e decodificar sua arte, seu movimento, está longe de ser uma preocupação pertinente para uma artista como Graça Martins. O melhor de tudo é que ela, Graça, sabe bem disso. “Eu já completei 25 anos duas vezes, estou com 55, e sei bem o que quero. Foi muito importante me aproximar do pensamento contemporâneo, vejo o corpo hoje com outros limites, mas não quero a dança do conceito. Ela não me diz nada. A dança contemporânea tem a pretensão de saber de tudo e isso coloca a gente no limiar da amargura. Não quero isso para mim, não quero essa prisão”, resumiu assim essa mais recente experiência de montagem.

Longe de ser um espetáculo fraco do ponto de vista estético, Graça/Evidência - Um de Percurso é frágil naquilo que lhe fundamenta. Aplaudi, ao final, com a sensação de que vi mais Andrea Bardawil em cena, que propriamente Graça Martins. Não que isso seja ruim, mas faltou o equilíbrio que imaginei ter fomentado o processo criativo. Felizmente, a montagem se despede do público com uma Graça bem mais à vontade com ela mesma. De castanholas às mãos, de cara pintada e sapateando, com o vigor e o carisma que lhe são tão característicos. Intensa, Graça se despede na corda-bamba, como uma boa equilibrista, mas absolutamente consciente dos seus limites e do que precisa fazer para dominar a iminência da queda.

Magela Lima
magela@opovo.com.br

Fonte: O Povo

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Inauguração do Museu Monsenhor Waldir


Na Noite de 16 de Dezembro de 2011, foi inaugurado na cidade de Marco-Ce, o Museu em memória à vida de Monsenhor Waldir Lopes de Castro. A festa teve a presença de convidados ilustres, dentre eles o Pe. Valdery da paróquia de São Francisco de Cruz-Ce, que era amigo próximo de Mons. Waldir. A cerimônia de Inauguração foi presidida por nosso pároco Pe. Manuel Rômulo, que é um dos idealizadores deste projeto.

A mostra do museu conta um pouco da História de Monsenhor Waldir com objetos pessoais, títulos que recebeu, alguns cadernos de anotações , além de suas vestes litúrgicas, estolas, túnica, alva...

Confira Fotos do Museu: aqui



Maria e Francisco são os nomes mais usados no Ceará

Arte: Felipe Berlamino
  
Nomes com origem ou ligação religiosas são os mais usados para registrar as pessoas no Ceará. A afirmação é baseada em uma pesquisa que fez um levantamento em aproximadamente 165 milhões de CPFs em todo o Brasil e apurou os 50 nomes mais utilizados no País. No nosso Estado "Maria " lidera o ranking, com mais de 1 milhão de registros. Em seguida vêm Francisco , com 500 mil, e José com quase 420 mil.

A pesquisa foi baseada em 3.582,872 registros de CPFs no Estado, de um total populacional de quase nove milhões de habitantes. O trabalho foi feito pela proScore, Bureau de Informação e Análise de Crédito.

Especialistas ouvidos pelo Diário do Nordeste Online indicam que os nomes usados pelos pais para registrar os filhos variam de acordo com a época vivida e com a devoção aos santos do catolicismo, por exemplo. No Ceará, com a forte devoção a São Francisco de Assis em Canindé e ao padre Cícero Romão Batista em Juazeiro do Norte, os nomes também acabam se propagando pelos cartórios.
  
"Escolha depende da época", diz professora
De acordo com a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC, Maria Neyára de Oliveira Araújo, a escolha dos nomes depende muito da época vivida. "É comum ver nas pessoas idosas nomes bíblicos. Já nos adultos, que nasceram na década de 1980 e 1990, nomes tidos da 'moda'. E, nas crianças de até 10 anos, por exemplo, notamos a reutilização dos nomes religiosos", informa.

Segundo Neyára, com o crescimento dos meios de comunicação e o acesso mais fácil da população as informações, os nomes de artistas e celebridades podem ser notados em boa parte dos jovens entre 18 a 24 anos, período que ingressam nas faculdades. "Nomes como Michael e Raísa são bastante comuns na lista de presença", diz.

"Igreja Católica exerce forte influência", afirma o professor Pinheiro
Para o doutor em História e secretário de Cultura do Ceará, professor Francisco José Pinheiro, há uma forte influência da Igreja Católica para a escolha dos nomes das pessoas no Ceará. "Dependendo da Região, nomes como Franscico e Cícero são muitos usados, devido a devoção do povo aos santos São Francisco de Assis e Padre Cícero", explica.

Com o advento das mídias, a partir dos anos 1980, ocorre um novo fenômeno para a escolha dos nomes baseado na moda, ou seja, as celebridades da televisão são tidas como referência para a escolha. "A televisão, com sua forte influência, dita o que é legal, até mesmo não sendo", comenta Pinheiro.

Do modo geral, na visão do professor, os pais se espalhem em três fatores para a escolha dos nomes de seus filhos: religiosidade, mídia e amor aos ídolos. "Quem é fã do Roberto Carlos, por exemplo, é provável homenageá-lo colocando o seu nome em seu filho", diz.