segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Os piores e melhores municípios do Ceará segundo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal - IFDM

Com um desempenho classificado moderado, o Ceará, juntamente com o Piauí, foi o Estado da Região Nordeste com mais desenvolvimento na última década


O Ceará tem apenas um município, Eusébio, na classificação de alto desenvolvimento e a pior renda média (R$ 1.052,51) do País em 2009. Mesmo assim, na edição 2011 do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), dados de 2009 comparados com os de 2008, o Estado apresenta crescimento acima da média nacional que recuou em relação a 2008 em razão da crise econômica mundial. De 2000 a 2009, o índice geral cearense cresceu 33%, representando o maior desenvolvimento da Região Nordeste, juntamente com o Piauí (30,1%). No País, o desempenho cearense fica atrás apenas de Tocantins que alcançou 36,7%.

Os resultados de 2009 também mostram que o avanço do índice geral do Ceará deveu-se à melhora em todos os indicadores. A alta foi de 10,5%, em emprego e renda, alcançando patamar de desenvolvimento moderado; 4,6% em educação e 2,1% em saúde.

Dos 184 municípios cearenses, 89 (48,4%) apresentaram crescimento do IFDM nas três áreas de desenvolvimento em 2009. A melhora em educação e saúde no Estado foi expressiva e generalizada entre os municípios: 160 avançaram em educação (87,0%) e 150 em saúde (81,5%), diz o estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Emprego e renda mostrou crescimento em dois terços (121 cidades do Ceará). Com os resultados o Ceará manteve a classificação de desenvolvimento moderado, ganhou uma posição entre os estados brasileiros, ficando na 12ª colocação em 2009. Para completar se tornou líder do ranking da Região Nordeste, ao ultrapassar Pernambuco.

Na análise dos indicadores socioeconômicos do Ceará, fica claro que houve melhorias significativas nos últimos dez anos, mas o Estado ainda está longe do desenvolvimento ideal. Entre 2000 e 2009, o Estado avançou 30,2% na área de emprego e renda, 41,7% na de educação e 28,0% em Saúde. Se continuar no ritmo atual, o Ceará pode levar mais uma década para chegar ao nível dos estados do Sudeste que têm a maioria dos municípios na condição de alto desenvolvimento.

Artumira Dutra
artumira@opovo.com

Fonte: O Povo

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Memória da comunidade Mucuripe em exposição

Imagem: Marina Cavalcante
A exposição Mucuripe no Mar das Memórias foi aberta sexta-feira 4, na sede da ONG Enxame.

Pensada e elaborada por estudantes do Projeto Museu e Cidadania Cultural, promovido pelo Memorial da Cultura Cearense, a exposição traz imagens, objetos pessoais e depoimentos dos moradores da comunidade Mucuripe.

Depoimentos

A coleta do material da exposição foi realizada pelos próprios alunos entre os meses de agosto e setembro deste ano e busca valorizar o patrimônio material e imaterial das comunidades próximas ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Para isso, os estudantes entrevistaram moradores da comunidade Mucuripe e coletaram idéias, percepções e histórias.

Os depoimentos trazem memórias de uma cidade que aos poucos foi sendo esquecida, mas que ainda continua viva nas palavras daqueles que viveram as mudanças do bairro. As fotografias retiradas pelos alunos trazem um olhar mais próximo da realidade da comunidade, apresentando a perspectiva daqueles que querem construir a sua própria história

A mostra permite uma reflexão sobre as vidas desses jovens e os cotidianos de sua comunidade nos aspectos político, econômico, cultural, socioambiental, religioso e estético dissipados em múltiplos espaços eleitos no recorte da pesquisa: alguns morros do bairro, o riacho Maceió e a Av. Beira-Mar.

Por que lembrar Rachel?


Trabalhamos demais. Atropelamos as relações e deixamos de cuidar dos sentimentos. Excedemos o limite do consumismo e embriagados pelo desejo do mais, ignoramos as tantas coisas boas da vida, como tomar um café com a grande amiga, no meio do dia. E assim, nesta vida louca, de poucas horas, de correria exagerada, de pressa e pressão, cobrança e prazo, penso que nos acorrentamos ao mundo do trabalho. 

Por isso, ultimamente, venho me dedicando mais às coisas boas da vida, que são subjetivas, sim, mas na essência são sempre traduzidas no fazer o que gostamos com quem amamos. 

Gosto das palavras, do seu poder e das suas múltiplas formas de expressão: escrita, interpretada, discursada, cantada ou encenada. Esse gostar me fez lembrar Rachel de Queiroz no ensaio aberto de Élida Marques interpretando sua obra, num delicioso café, cheio de arte, no meio do dia. Aliás, não posso deixar de dizer que a arte nos humaniza; por isso é essencial, ela abre a mente e nos permite emoção. 

Rachel não queria escrever sua autobiografia, mas, seduzida pela afetividade da irmã, quase filha, de certo alma gêmea, escreveu sua história de forma encantadora... Tantos Anos esteve comigo e como um milagre ou coincidência, como prefiram, no mesmo dia em que fechei a última página do livro, a autora fechou os olhos para a vida, em 04 de novembro de 2003.    

E morreu silenciosamente, feito a revolução que travou na literatura brasileira. Ela, a primeira mulher a conquistar a imortalidade na Academia Brasileira de Letras, escreveu a história do nosso país. E abriu caminhos: com fibra, coragem, e determinação - talvez, como ela própria tenha dito, características não suas, mas inerentes à juventude – enfrentou políticos, sistemas e cartéis. Sempre em nome da ética e da cidadania. E não foi em vão, sua obra revela a legitimidade da consciência política, cultural e intelectual com que se dedicou ao mundo das letras. Assim é seu livro de memórias: mais do que sua história, Tantos Anos conta a história do nosso Brasil e da nossa gente. Uma interpretação genuína do sertão seco do Ceará, num jeito leve e sedutor de invadir lembranças, suscitar sentimentos e marcar história. 

Preocupada com o papel da mulher na sociedade moderna, Rachel rasgou preconceitos e cavou seu espaço (...) e de todas as que vieram depois dela. Hoje, quando gozamos dos diretos adquiridos, profissional ou maternalmente, bem pouco nos lembramos do caminho trilhado: uma longa história escrita, a punho, por bravas mulheres.     

Mas, o motivo gerador destas poucas palavras não se encontra na tentativa estúpida de mais uma homenagem pós-morte - gesto hipócrita de lavar a consciência e pedir desculpas pelas faltas em vida – e sim, no intenso significado da sua obra, que conserva o poder histórico nas palavras escritas, que eterniza a possibilidade do aprender sempre e que conforta a alma dos brasileiros que choram o descaso cultural do seu país.  

Um país que não aprendeu a valorizar seus escritores e intelectuais e que, por isso, não registra nas memórias do seu povo a lembrança de ter lido seus livros nos bancos escolares. Desde muito tempo, os livros didáticos trazem os resumos das obras dos nossos escritores, como se isso bastasse. São poucas as escolas que possibilitam o contato com a obra: os resumos são mais rápidos e fáceis. O trabalho diminui e o aprendizado também.   

Afinal, num país com pressa, de ações imediatistas, por que perder tempo com leituras? Por que lembrar Rachel, Drummond ou Machado de Assis?

por Mércia Falcini
Psicopedagoga com Especialização em Formação de Professores e Sistema de Gestão. Atualmente é Diretora da Consultoria e Assessoria Saberes, Consultora da Fundação Pitágoras e colunista do site Itu.com.br.